Entenda também por que os resultados dos testes de glicemia feitos na ponta do dedo são diferentes daqueles obtidos pelo sensor de glicose
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Controlar o diabetes requer um acompanhamento diário da glicemia. Para isso, é necessário medir a glicose com frequência, além de saber analisar os resultados e conversar com o médico sobre possíveis ajustes no tratamento.
Com o avanço da tecnologia e da medicina, as antigas tiras para medir a glicose pela urina deixaram de ser usadas. Hoje, a própria pessoa com diabetes pode monitorar o diabetes em casa usando o aparelho de medição da glicemia (glicosímetro) ou os sensores de glicose como o FreeStyle Libre1. Ambos apresentam eficácia e ajudam no controle glicêmico, mas existem diferenças entre a forma de monitorar a glicose no sangue e de monitorar glicose no interstício. Você sabe quais são elas?
Os glicosímetros são aparelhos portáteis, que precisam de uma amostra de gota de sangue, extraída geralmente da ponta dos dedos por onde passam os vasos capilares, que emprestam o nome à técnica: automonitorização da glicemia capilar.
Já os sensores de glicose medem a glicose presente no organismo no chamado líquido intersticial, um fluido que ocupa os espaços existentes entre as células. O FreeStyle Libre é um sensor discreto, conectado na parte posterior superior do braço, onde permanece por até 14 dias. O usuário pode realizar as leituras da glicose várias vezes ao dia, sem dor ou exposição ao sangue.
A maior diferença entre eles é que a glicose demora um pouco mais para chegar no interstício. Por isso, se a pessoa medir a glicemia na ponta do dedo e escanear o sensor de glicose ao mesmo tempo poderá encontrar resultados levemente diferentes.
Pode haver um atraso de 5 a 10 minutos2 entre os níveis de glicose no fluido intersticial e no sangue. Se a glicose no sangue subir ou descer rapidamente, como por exemplo depois da refeição, após a aplicação de insulina ou de exercício físico, a leitura do sensor de FreeStyle Libre poderá ser diferente da leitura do monitor com tiras reagentes.
Entretanto, caso a seta de tendência do FreeStyle Libre esteja bastante inclinada, é necessário fazer o teste de glicemia capilar e considerar o valor que aparecer no glicosímetro. Recomenda-se também medir a glicemia capilar se houver suspeita de hipoglicemia, em momentos em que os níveis de glicose estejam flutuando muito ou quando os sintomas não condizem com a leitura apresentada no FreeStyle Libre.
O sensor FreeStyle Libre mede automaticamente o valor de glicose a cada minuto, salva a cada 15 minutos e mantém os dados obtidos guardados no sensor por até 8 horas. Por isso, para obter o panorama completo da glicose com o FreeStyle Libre basta apenas escanear o sensor a cada 8 horas. Para realizar o upload das medições é necessário realizar o escaneamento com o leitor ou com o aplicativo FreeStyle LibreLink.
Quantas vezes medir a glicose?
Existe um consenso entre as entidades médicas da área do diabetes de que a meta de controle glicêmico deve ser individualizada conforme o estado geral de saúde dos pacientes e considerando se o paciente é uma criança, um adulto, um idoso ou uma gestante. De acordo com a edição 2023 da Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes3, os parâmetros de avaliação indicados são a hemoglobina glicada (HbA1c ou A1c) e as glicemias capilares determinadas em:
- jejum,
- nos períodos pré-prandiais (antes das refeições),
- 2 horas após as refeições e
- ao deitar-se.
Mais recentemente, com o advento da monitorização contínua de glicose (CGM), foram incorporados novos parâmetros, como o tempo no alvo (TIR – Time in Range), o tempo em hipoglicemia, o coeficiente de variação e a glicemia média estimada4. As metas glicêmicas baseadas no CGM também devem ser personalizadas para atender às necessidades de cada pessoa com diabetes e a SBD recomenda utilizar o sensor de glicose por pelo menos 70% do tempo de vida útil.
Assim, tendo em vista que o tratamento do diabetes é individualizado e as metas glicêmicas variam conforme o perfil do paciente3, é fundamental que ele converse sempre com o profissional de saúde para saber os momentos ideais para aferir a glicose e fazer os ajustes necessários.
Referências
1. Os 7 comportamentos do autocuidado. Sociedade Brasileira de Diabetes. [internet]. [acesso em maio de 2023]. Disponível em: https://diabetes.org.br/os-7-comportamentos-do-autocuidado/
2. Diabetes no Alvo. [acesso em maio de 2023]. Disponível em: https://www.diabetesnoalvo.com.br/entendendo-melhor-freestyle libre/
3. Almeida-Pititto B., Dias M.L., Moura F.F., Lamounier R, Vencio S, Calliari L.E. Metas no tratamento do diabetes.Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. 2023. [acesso em agosto de 2023]. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/metas-no tratamento-do-diabetes/
4. Battelino T, Danne T, Bergenstal RM, Amiel SA, Beck R, Biester T et al. Clinical Targets for Continuous Glucose Monitoring Data Interpretation: Recommendations From the International Consensus on Time in Range. Diabetes Care 2019, dci190028. DOI: 10.2337/dci19-0028. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6973648/
ADC-79381. V1.0. Julho/2023.